O ENSINO DAS ARTES NOS PLANOS DE GOVERNO DOS CANDIDATOS (AS) À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA DO BRASIL

Autores

Palavras-chave:

Agenda Política, Arte., Educação

Resumo

Este estudo analisou a atenção dada ao ensino das Artes correlata ao sistema formal de educação com base nas narrativas elencadas pelos candidatos(as) ao cargo de chefe do Poder Executivo Federal. Trata-se de uma pesquisa documental, exploratória e quanti-qualitativa. Os dados foram coletados nos planos de governo dos agentes políticos supracitados, disponibilizados no portal DivulgaCand do Tribunal Superior Eleitoral – TSE. O recorte temporal (2010-2022) foi delineado por meio da lei nº 12.034 de 2009 que estabeleceu a obrigatoriedade da publicação dos planos de governo desde então. A organização e tratamento dos dados foram realizados por meio dos seguintes tópicos: ano; candidato(a); partido político; e número de menções ao tema. Em relação a análise quantitativa dos dados, utilizou-se o cálculo da frequência relativa das menções ao ensino das Artes com base nos dados brutos das menções aos descritores “educa”, “art” e palavras similares. No que se diz respeito à análise qualitativa, elencou-se o exame da percepção dos problemas e a definição das alternativas para o ensino das Artes nos planos de governo. Os resultados apontaram 910 menções relacionadas à Educação. Entretanto, somente 8 menções estabeleceram correlação com o ensino das Artes. Concomitantemente, verificou-se um baixo percentual de atenção para o tema com base na proporção dos dados brutos. O ideário elencado na arena eleitoral denota a priorização do ensino das artes no contexto da escola de tempo integral bem como a promoção de ações intersetoriais entre Educação e Cultura na perspectiva de viabilizar a pauta supracitada como demanda de ordem pública.

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Biografia do Autor

ROBERT ALEXANDRE RODRIGUES

Licenciado em Artes Cênicas - USP (2004); Especialista em Teatro e Educação (IFNMG); Especialista em Gestão Cultural (UESC); Especialista em Docência de Turismo e Hotelaria no Ensino Superior Lazer (SENAC); Pesquisador - CEGESP-UESB.

TEMISTOCLES DAMASCENO SILVA, Southwest Bahia State University

Licenciado em Educação Física (UESB); Tecnólogo em Gestão Pública (UEM); Mestre em Desenvolvimento Regional e Urbano (UNIFACS); Doutor em Educação Física (UEM). Docente do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGEd-UESB).

Referências

Seminário Gepráxis, Vitória da Conquista – Bahia – Brasil, v. 9, n. 16, p. 936 - 946, maio, 2024.

capacidade do governo de adquirir e distribuir recursos financeiros. Dessa forma, a estrutura pública está ligada à utilização do poder institucional para o provisionamento de políticas públicas (Hood, 1986).

A ausência dos instrumentos supracitados nas pautas analisadas estabelece estreita relação com os valores e crenças dos candidatos(as) que concorreram as eleições para o cargo de chefe do executivo nacional brasileiro. Concomitantemente, evidencia-se a falta de articulação intrapartidária no que diz respeito ao processo de elaboração das propostas para o setor em questão, caracterizando assim um panorama complexo de se entender, haja vista a pontualidade de propostas no ano de 2018 por algumas legendas partidárias que se quer abordaram o tema referente ao ensino das Artes nas demais eleições.

Considerações Finais

Ao examinar a importância dada ao ensino das Artes no contexto educacional nas eleições presidenciais brasileiras, pode-se concluir que poucos candidatos(as) apresentaram propostas relacionadas a esse fenômeno.

Considerando os dados citados na pesquisa, acredita-se que a definição dos problemas e a definição das alternativas para o ensino das Artes no contexto educacional encontram-se vinculadas a ideia central dos programas de escola em tempo integral e aumento da carga horária. Em suma, evidenciou-se a pouca expressividade do tema na agenda política para a elaboração de propostas correlatas ao tema estudado.

As prioridades analisadas sobre o ensino das Artes no contexto educacional demonstram que a atenção dada sujeita-se as prioridades elencadas na arena política. Dessa forma, acaba sendo muito desafiante para os pesquisadores da política pública dessa área, quando se considera o grau de abstração das menções coletadas, dificultando assim, o processo de análise dos dados.

Além disso, percebe-se a carência de produções científicas que utilizam os pressupostos teóricos oriundos da Ciência Política enquanto referencial de análise. Isso limita a possibilidade de uma discussão teórica mais aprofundada sobre o objeto de estudo.

Dessa maneira, recomenda-se o desenvolvimento de novas pesquisas na área para entender como as agendas governamentais são criadas e de que forma os candidatos(as) eleitos tem trabalhado para efetivar o ensino das Artes no contexto educacional.

Referências

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Publicado

2024-12-20

Como Citar

ROBERT ALEXANDRE RODRIGUES; TEMISTOCLES DAMASCENO SILVA. O ENSINO DAS ARTES NOS PLANOS DE GOVERNO DOS CANDIDATOS (AS) À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA DO BRASIL. Seminário Nacional e Seminário Internacional Políticas Públicas, Gestão e Práxis Educacional, [S. l.], v. 1, p. 936–946, 2024. Disponível em: http://anais2.uesb.br/index.php/semgepraxis/article/view/1764. Acesso em: 8 jul. 2025.