LOZINHA E SUAS INTERSECÇÕES DE GENERO, RAÇA, CLASSE E PROSTITUIÇÃO

Resumo

Este artigo busca compreender como Lozinha, ou tia Ló se destacou como a dona da casa de prostituição mais famosa no município de Ipiaú-BA e região no século XX. Para tanto, os objetivos específicos são: discutir os conceitos de marcadores interseccionais, gênero, raça, classe, bem como a documentação da história de uma mulher que foi atravessada pelo racismo e pelo sexismo. É uma pesquisa social-qualitativa, fundamentada na microhistória da sexualidade no município de Ipiaú e na metodologia da História Oral (H. O.), relatos orais, com entrevistas de colaboradores contemporâneos da pesquisada. O recorte temporal da pesquisa se situa entre as décadas de 1960 e 1980. Neste sentido, recorremos aos relatos orais de munícipes contemporâneos de Lozinha. Esse trabalho justifica-se porque se propõe reconstituir pelas memórias das pessoas da comunidade a trajetória de luta de uma mulher que enfrentou os ditames da sociedade elitista e branca do município de Ipiaú e região. Questionamos o porquê do apagamento do nome de batismo de Lozinha. Seria resultado do sexismo, machismo e da misoginia que predominavam na época? Pontuando que a região era exponencialmente rica, dirigida por uma minoria patriarcal, rural, branca, cacauicultora, capitalista do século XX. Por outro lado, no município de Ipiaú haviam muitas pessoas pobres vivendo à margem da sociedade. Nesse contexto, aparece Lozinha, mulher preta e de origem pobre, doméstica, garota de programa e dona de bordel que através do seu corpo e de corpos de outras mulheres criou formas de resistência.